SELO NOSSAS VOZES
Nosso objetivo é reunir pesquisadoras amazônidas que trazem para a cena outras mulheres amazônidas, contando suas histórias, seu ativismo, sua arte, seu lugar de fala. Faremos isso através de reuniões on line e ao vivo, quando possível. A concretização desse trabalho se dará com a publicação da coletânea Nossas vozes: Mulheres Amazônidas e a produção intelectual.
A situação das mulheres amazônicas é alarmante não somente pelo estado de morte física, mas também do extermínio simbólico de suas vozes, sexualidade, de suas identidades políticas, sociais, culturais e étnicas. De suas posições enquanto intelectuais de saberes e modos de conhecimentos diversos. Exclusões de seus papéis de lideranças. Silenciamento de suas vozes, mas que ainda assim ecoam! E realizam, produzem e reconstroem os caminhos. Invisibilidade de visíveis mulheres amazônicas, seja no espaço público, na academia, na floresta ou nas cidades, quem são essas mulheres? Quem somos nós?É com essa questão que nós da coleção Nossas Vozes convidamos você mulher amazônica a tecer conosco seus fios de memórias. Contar sua história. (re)fazer a História. Demarcar seus saberes e seus territórios. O espaço é nosso.Mulheres Amazônicas- Quem somos nós? Entres ecos da florestas e periferias urbanas: As vozes raciais encobertas.O Selo Nossas vozes surge em uma conjuntura extremamente cruel para o Estado brasileiro sendo administrado por um governo fascista desde 2016 o qual foi conduzido por um Estado de exceção, uma ditadura judicializada, em alguns estados com intervenção militar, no caso do Estado do Rio de Janeiro, que resultou na vitória do candidato Bolsonaro em outubro de 2018.O país que já vinha sendo desmontado pela era Temer que começou golpeando a educação retirando disciplinas importantes no âmbito das ciências humanas na formação do Ensino Básico: sociologia, filosofia, arte, educação física são colocadas como conteúdos diluídos em outras disciplinas, o mesmo ocorrendo para áreas como história, geografia e química, também, dissolvidas nos itinerários formativos. Assim como a revogação da lei 10.639/ 2003 retira da grade curricular a tão importante disciplina História da África e da cultura afro-brasileira afastando e contribuindo para uma deficiência ainda maior dos alunos e alunas das escolas públicas, principalmente, das cidades ou dos interiores próximos de comunidade tradicionais em que muitas têm matrizes identitárias africanas ou ainda os povos afro-religiosos passam ser realidades cada vezes mais distantes de serem compreendidas no âmbito de suas situações históricas nos contextos escolares.E assim o governo atual vai direcionando para o que se tem colocado como "escola sem partido" retirando todas aquelas disciplinas fundamentais para entender a formação social e histórica do seu país e do continente em que faz parte. Para entender a questão de gênero, sexualidade, as lutas LGBTS, do movimento negro, movimento do campo, dos povos indígenas, quilombolas e todo uma gama de comunidades tradicionais excluídos da investigação e análise educacional com a comunidade docente e discente do ensino básico. Bem como os direitos desses grupos cada vez mais despedaçados e perseguidos por uma gestão que a ordem neoliberal vem agora transvestida com a capa do totalitarismo fascista de governo.Diante deste cenário no Brasil a Amazônia continua sendo a região mais vilipendiada no espaço de disputas por grupos nacionais e/ou internacionais, especialmente, dos setores privados em que o projeto do próprio governo é o agronegócio e a exploração desenfreada do meio ambiente sem um plano de desenvolvimento social [auto] sustentável para as populações locais. Queimada resultante do desmatamento descontrolado da floresta amazônico tem desequilibrado a natureza não somente dos povos que habitam a região, mas também desregulando tempo do outro lado do país e de todo planeta Terra.E é nessa região que se tem um dos maiores índices de feminicídio, sendo as mulheres pretas e pardas as mais atingidas (6,1%) . Dados dos últimos cinco anos da base de dados do senado federal, realizado pelo observatório da mulher contra violência. Sendo que os dados sobre lesbocídio e mulheres indígenas pouco foi evidenciado nesse relatório em particular.